sábado, 30 de maio de 2020

Em tempo de crise, devo ou não continuar a carreira de corretor de imóveis?

Em tempo de crise, devo ou não continuar a carreira de corretor de imóveis?
No ano de 2015, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis da cidade de São Paulo recebeu 509 pedidos de cancelamento de inscrições de corretores de imóveis afetados pela crise. Esse número representa um aumento de 42% nos pedidos de cancelamentos frente à anos anteriores. E a melhora não foi sentida no decorrer do ano, visto que “novas inscrições” que vinham crescendo desde 2010, apresentou uma retração de 5%.
De acordo com especialistas, essas pessoas que desistem da profissão são aquelas que tinham a expectativa de que o caminho seria fácil. Essas mesmas pessoas, que foram levadas pelo bom momento econômico que o país passava, resolveram se tornar corretores, garantindo assim altos ganhos financeiros. No entanto, quando o bom momento passou e a crise chegou, os corretores de imóveis voltaram para suas antigas profissões ou buscaram se colocar no mercado de outra forma. Alguns defendem que estes profissionais abandonam o mercado imobiliário devido a sua falta ou pouca aptidão para a função.
Mesmo com a saída de alguns corretores de imóveis do mercado, muitos ainda se mantêm no ramo e ninguém fala que o cenário é negativo, ele está apenas “diferente”. E é nesse tempo que precisam esperar um pouco mais, se preparar e se renovar, pois quando o mercado voltar a aquecer, com novos incentivos à aquisição de imóveis, será a hora de permaneceram aproveitar!
Muitos defendem também que neste período de retração o corretor de imóveis que deseja permanecer tem muito a lucrar, pois irá desenvolver suas habilidades para conseguir efetuar a venda, já que sem as facilidades do crédito, ele terá de ter mais atenção aos detalhes, uma maior cautela nos negócios e uma dedicação ainda maior a seus clientes. E aliando todos esses pontos ao seu conhecimento do negócio conseguir êxito em suas negociações.
Reflexões-sobre-a-profissão-de-corretor-de-imóveis-e-algumas-lições-do-tempo
Apesar das dificuldades o momento não é para desistir de ser corretor de imóvel e sim buscar se reinventar, conhecer novas abordagens para um cenário de dificuldades aumentadas, e com certeza, de muito mais competitividade. Já que agora, com um número de clientes a ser prospectado reduzido, o corretor ainda obtenha êxito em suas investidas.
Portanto, se você começou a ler esse artigo com dúvida sobre o que o corretor de imóveis deve fazer em tempos de crise no setor imobiliário, se a sua pergunta era devo ou não continuar a carreira de corretor de imóveis, a resposta é: Não desista!
Como afirmamos antes, a crise imobiliária serve para que os corretores de imóveis desenvolvam suas habilidades, criem novas estratégias, pensem em como podem ser melhores e assim, quando novamente as vendas estiverem em um período bom, certamente haverá ainda mais destaque e chances de sucesso para este profissional que durante o momento adverso se dedicou e se preparou.

quinta-feira, 23 de abril de 2020



23 DE ABRIL DE 2020
DAVID COIMBRA

O grande ensinamento da peste

Estava tudo certo na minha vida. Uma ou duas vezes por semana eu tomava uns chopes cremosos, dourados e gelados com os amigos, noutros dias via um futebol ameno na TV, e lia meus livros, e escrevia minhas crônicas, e jogava um xadrezinho online, e curtia a família, tudo certo.

Aí um chinês resolveu comer morcego lá na China. Agora fico pensando: será que esse chinês sabe a confusão que ele causou? Onde é que ele está, esse chinês? O que é feito dele? Dizem que morreu. Duvido. Deve estar tranquilo, na China, comendo morcego. Será que ele sabe a confusão que provocou?

Já cometi muita besteira na vida, você também, decerto que sim, mas pense no tamanho da besteira desse chinês. Imagine os amigos dele, neste momento:

- Cara, olha o que tu fez! E a mulher dele. Imagine a mulher dele! O que ela deve estar dizendo para esse chinês comedor de morcego neste exato instante! - Eu te disse pra tu optar por yakissoba, mas tu nunca me ouve!

Isso é que é realmente espantoso: o almoço de um chinês em Wuhan influenciou os meus chopes cremosos, dourados e gelados em Porto Alegre, a 18.627 quilômetros de distância. É o tal Efeito Borboleta, de que tanto se falava tempos atrás: o bater das asas de uma borboleta pode transformar-se em um tufão do outro lado do mundo.

Foi o que aconteceu quando aquele cara decidiu comer morcego num imundo mercado de um canto do Oriente longínquo. A borboleta bateu suas asas e os ventos da peste devastaram a Terra. Uma única refeição mudou a vida dos povos.

Essa constatação tem um significado profundo: tudo o que é feito ou sofrido por um ser humano, em qualquer parte do planeta, importa. Assim, um mercado que vende animais sem boas condições sanitárias na China é importante para empresários e trabalhadores europeus, americanos e africanos, e também favelas sem tratamento de esgoto nos subúrbios do Brasil, e crianças que passam fome na Etiópia, e refugiados da Guatemala, e desempregados da Venezuela.

A riqueza, o progresso e a fartura de uns dependem da situação de vida de todos. Se os quase 8 bilhões de seres humanos que respiram debaixo do sol não podem compartilhar a mesma riqueza, o mesmo progresso e a mesma fartura, que pelo menos compartilhem dignidade.

Esse é o grande ensinamento da peste.

Sei bem que nunca teremos, todos, mansões, carrões e milhões, mas poderíamos, todos, ter vidas decentes, com saúde, educação, moradia e segurança universais. E, é claro, uns chopes cremosos, dourados e gelados de vez em quando.

DAVID COIMBRA

23 DE ABRIL DE 2020
OPINIÃO DA RBS

DISCIPLINA PARA O PLANO DAR CERTO


O plano do governo do Estado para o combate à pandemia e para a saída gradual do isolamento é sólido, coerente e realista. Pode servir de modelo para outros Estados e, com adaptações, para todo o país. Tem entre seus méritos o fato de estar amparado em informações e em estudos de pesquisadores de alta credibilidade e reputação.

Para dar certo, porém, dois fatores são fundamentais. O primeiro é uma comunicação simplificada, eficiente e que estimule a adesão de prefeitos e da população em geral. O segundo, a disciplina - das autoridades públicas, das empresas, das entidades civis e, sobretudo, de cada gaúcho.

As propostas que devem integrar o novo decreto a ser publicado nos próximos dias têm uma lógica racional, mas não são de simples execução - preveem avanços e recuos na liberação de atividades, de acordo com uma série de indicadores. Se as determinações não forem obedecidas, o plano perde o sentido. Para que isso não ocorra, é preciso que todos compreendam a mensagem com clareza.

O insucesso da iniciativa do governo Leite, expresso em uma eventual e indesejada falta de adesão, levaria ao pior dos cenários: uma normatização caótica, instintiva ou impulsiva para um problema de enorme envergadura e cujas consequências nefastas se modificam a toda hora, de acordo com a curva de contaminação e letalidade. Uma vantagem adicional na implementação do plano é a de que o governo gaúcho sabe ouvir e fazer ponderações técnicas, mostrando flexibilidade e firmeza, ao mesmo tempo.

Por tudo isso, desfruta de confiança para capitaneá-lo. Porém, não há mais tempo para errar. Os caminhos tortos adotados em outros países, até pela falta de um conhecimento que, mesmo que incipiente, hoje está disponível, já apresentou a gigantesca conta do fracasso - em termos humanos e econômicos. Ainda temos a chance de impedir que o mesmo ocorra por aqui. Para tanto, o poder de mobilização demonstrado nesses primeiros dias da pandemia deve nos manter unidos e remando em uma mesma direção: a de um futuro que terá, amanhã, seus contornos definidos pelas decisões que cada um tomar hoje.



23 DE ABRIL DE 2020
CORONAVÍRUS

Quem é Pazuello

Natural da cidade do Rio de Janeiro (RJ), o general do Exército Eduardo Pazuello foi declarado aspirante a oficial do Serviço de Intendência em 1984. Ele foi promovido ao posto atual em 31 de março de 2018.

Como oficial-general, desempenhou as seguintes funções: assessor de planejamento, programação e controle orçamentário do Comando Logístico, comandante da Base de Apoio Logístico do Exército e coordenador logístico das tropas do Exército Brasileiro empregadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.

Pazuello também foi comandante da Base Logística Multinacional Integrada, durante o exercício AmazonLog/2017, realizado na cidade de Tabatinga (AM), na região da tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru). Ultimamente, exercia o cargo de coordenador operacional da Força-Tarefa Logística Humanitária - Operação Acolhida, concomitantemente com o novo comando assumido.

Os ônibus intermunicipais que chegam ou saem de Porto Alegre têm circulado semiocupados. É a crise do coronavírus afetando o transporte coletivo. O problema maior é que muitos dos usuários não usam qualquer Equipamento de Proteção Individual (EPI), recomendado pelos sanitaristas para toda atividade em espaços confinados - como é o caso de viagens no transporte coletivo. Zero Hora percorreu as plataformas de desembarque da Estação Rodoviária de Porto Alegre, irreconhecível de tão vazia. Constatou a indiferença com que muitos passageiros encaram os apelos por cautela por parte das autoridades sanitárias.

Num ônibus da Viação Bento, que chegou de Bento Gonçalves às 10h45min, menos da metade dos 23 viajantes desembarcou usando máscaras. Nenhum usava luvas. A lotação usual do veículo é de 46 passageiros, mas a ocupação não se completa desde meados de março, quando começaram os casos de coronavírus no Estado, resume o motorista, de máscara e luvas.

A reportagem tentou falar com uma PM que estava sem máscara e luvas, ela apenas fez sinal de não com os dedos e não respondeu à pergunta sobre falta de EPIs. Um agricultor admitiu o erro e prometeu, ao descer do ônibus:

- Vou comprar (máscara), não encontrei antes de viajar.

Uma mulher deu um sorriso acanhado e argumentou, questionada se não acha arriscado viajar num espaço fechado sem máscara, em companhia de desconhecidos que podem ter o vírus:

- Não faço questão, me desculpa.

Descaso

De um ônibus da Citral, saído de Taquara, desceram oito passageiros. Quatro não usavam qualquer tipo de proteção contra o vírus. Uma moça com várias bagagens e um violão nas costas, questionada sobre a falta de máscara, admitiu:

- Acho arriscado, sim. Mas não estou a fim de conversar sobre isso.

Zero Hora falou com três motoristas, que preferem não ter seus nomes publicados. Todos usavam máscara e luvas. Um deles disse que teve de comprar, porque a empresa não tinha para fornecer. Eles se mostram espantados com a falta de cuidado dos passageiros.

- A gente abre a janelinha dos lados, a janela de teto solar, tudo para ventilar. Os passageiros, porém, viajam sem qualquer preocupação. Inclusive muita gente da área da saúde, que tem vindo a Porto Alegre por obrigação. Acho o cúmulo da falta de responsabilidade - pondera um dos motoristas.

Outro condutor ressalta que "o único consolo - se é que pode se usar essa palavra - é que o fato da ocupação nos coletivos ser diminuta dificulta o contágio". Em contrapartida, lembra ele, causa um baque econômico nas empresas e a perspectiva de desemprego assusta.

HUMBERTO TREZZI


23 DE ABRIL DE 2020
CORONAVÍRUS

Servidor pode ter salário congelado

Em troca de socorro a Estados e municípios, senadores avaliam também suspensão de concursos públicos durante dois anos

Líderes do Senado são favoráveis ao congelamento, por dois anos, de salário dos servidores públicos em troca da aprovação de ajuda financeira da União a Estados e municípios. Executivo e integrantes do Parlamento articulam novo projeto de lei para socorrer os entes durante a crise do coronavírus. Concursos públicos ficariam suspensos pelo mesmo período.

As negociações encabeçadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), buscam um meio-termo na disputa com a Câmara. A ideia do governo é engavetar o texto aprovado pelos deputados, que não tem contrapartidas de Estados e municípios. O projeto foi articulado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com governadores.

Pela proposta aprovada, o governo estima impacto de mais de R$ 200 bilhões para cobrir o rombo com a queda de ICMS (imposto estadual) e ISS (imposto municipal). Maia fala em R$ 89,6 bilhões. Para barrar o plano da Câmara, Guedes apresentou aos senadores contraproposta de R$ 127,3 bilhões - inclui R$ 49,9 bilhões com medidas já adotadas e R$ 77,4 bilhões em novas ações.

A disputa entre Câmara e equipe econômica se deu em torno do repasse direto da União para Estados e municípios, o que tem impacto no orçamento. O Ministério da Economia vem tentando limitar essa medida para que o rombo das contas públicas não cresça ainda mais em 2020.

Na última segunda-feira, o ministro disse que poderia ampliar o plano. Para isso, o Senado teria de aprovar o congelamento de salários do funcionalismo. Apesar da promessa, técnicos da Economia veem pouco espaço para que esse auxílio seja expandido. Desde domingo, Guedes tem feito ligações a líderes do Senado. Na segunda-feira, ele se reuniu com Alcolumbre e, em pelo menos duas ocasiões, o presidente Jair Bolsonaro esteve presente.

Conforme o líder do PSD, Otto Alencar (BA), partido com a segunda maior bancada no Senado, só atrás do MDB, a conversa com Guedes tem sido na linha de beneficiar todos os Estados. Para ele, o plano da Câmara ajuda governos com dívidas elevadas com a União, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

- Na Bahia, por exemplo, a dívida é pequena. Não dá para comparar com São Paulo e Rio de Janeiro - afirma o senador.

Após conversar com Guedes, Alencar se propôs a redigir a parte do texto no novo projeto que impede o reajuste salarial para servidores públicos pelos próximos dois anos, desde que o governo federal cumpra com a proposta feita de aumentar a ajuda aos Estados.

- Podemos colocar um parágrafo único, dizendo que, enquanto houver recuo do PIB (Produto Interno Bruto), não terá aumento de salário. Se tem redução do PIB, qualquer governador não poderá dar aumento salarial porque não terá recurso - disse.

Pressa

Com contrapartidas, senadores já conversam com governadores para conseguir apoio.

- O Senado está trabalhando para construir um texto que atenda melhor os Estados. Obviamente, esse projeto está sendo construído em conjunto (com o governo). Sendo aprovado no Senado, os governadores vão pedir para a Câmara votar - disse a presidente da Comissão de Constituição e Justiça no Senado, Simone Tebet (MDB-MS).

Para o líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), o projeto que saiu da Câmara já não existe mais no Senado. Ele defendeu a busca por convergência.

- O Davi já matou o projeto da Câmara quando ele apensou ao do (Antonio) Anastasia (PSD-MG). Vai vir um novo projeto, e o congelamento de salários vai acontecer. Não tem como o governo repassar recurso para os Estados em uma pandemia e os governadores fazerem reajuste salarial - afirmou.

A pressa agora é para conseguir consenso no texto para que seja votado até o dia 30. Desse forma, ajudariam os Estados a não virar o próximo mês com contas no vermelho.


23 DE ABRIL DE 2020
CORONAVÍRUS

Proposta projeta 1 milhão de empregos em obras públicas

Governo federal prepara plano de retomada com investimento estatal, com apoio da ala militar e resistência de Guedes

O presidente Jair Bolsonaro delegou ao ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, a condução de proposta de retomada da economia sustentada na retomada de obras públicas com recursos do Tesouro, como forma de evitar a escalada do desemprego. Parte do programa Pró-Brasil (veja no quadro), a proposta é vista como uma espécie de Plano Marshall, em referência ao programa dos EUA de recuperação de países aliados após a Segunda Guerra Mundial.

Apenas no Ministério da Infraestrutura, a projeção é de que o pacote consuma R$ 30 bilhões em investimentos para cerca de 70 obras que estão paralisadas ou sendo tocadas abaixo da sua capacidade. Detalhes do plano foram apresentados ontem em reunião de Bolsonaro com sua equipe ministerial. A proposta ainda está em elaboração no Planalto e deve ter a largada em outubro, mas o diagnóstico de que obras públicas serão necessárias tem forte apoio do núcleo militar do governo.

Segundo relatos de presentes, no encontro foi feita análise de que a crise causada pela pandemia irá se estender até o ano que vem e que será necessário repensar a atual política de ajuste fiscal. No Ministério da Infraestrutura, a ideia é que as obras possam absorver entre 500 mil e 1 milhão de empregados nos próximos três anos.

O ministro Tarcísio de Freitas disse que a lista de obras inclui empreendimentos que poderiam ser rapidamente executados porque já têm projetos de viabilidade e licenciamento ambiental prontos.

Para Tarcísio, o programa de concessões e privatizações, que também passará a ter uma atenção especial para destravar investimentos, não dará o retorno desejado no curto prazo. Isso porque o tempo entre a assinatura dos contratos, a realização do investimento e a contratação de mão de obra costuma ser de, em média, um ano.

Além do Ministério da Infraestrutura, a Casa Civil criou outras "frentes de trabalho", como chama cada ministério envolvido nesse projeto de retomada. As principais medidas em preparação estão nas pastas do Desenvolvimento Regional e de Minas e Energia.

No Desenvolvimento Regional, foi feito um diagnóstico de empreendimentos em habitação e saneamento que podem ser rapidamente ativados, além de obras em barragens. Uma das saídas seria financiar projetos do Minha Casa, Minha Vida totalmente com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Até o final de 2019, a União entrava com 10% dos recursos. Agora, poderá arcar com todo o projeto e dar vazão às obras. Havia cerca de R$ 70 bilhões empoçados no fundo diante da falta de contrapartidas da União que, a partir de agora, poderão ser investidos em habitação, e isso se reverterá em empregos na construção civil.

Divergência

O problema é que a equipe econômica diverge do aumento de gastos públicos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende estimular a atividade econômica pela concessão de empréstimos e procurando saídas de mercado para resolver o impasse em torno de garantias para que empresas de todos os portes possam acessar instituições bancárias públicas e privadas em busca de linhas de crédito. Recentemente, o Banco Central chegou a reduzir o compulsório dos bancos (parcela de cada depósito bancário que fica retida na instituição) como forma de dar ainda mais liquidez para novos empréstimos.

No entanto, auxiliares do governo entendem que a proposta de Guedes não será capaz de gerar empregos a curto prazo, algo considerado fundamental para aliviar os impactos da crise econômica gerada pelo coronavírus. A avaliação é de que já se destinou mais de R$ 800 bilhões (metade com impacto fiscal) em ações emergenciais que não farão a economia sair do atoleiro.

A previsão é de que, sem injeção de ânimo na produção, o Brasil chegará a 2021 com dívida próxima a 100% do PIB.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020


Caixa lança novo financiamento de imóveis prefixado. Vale a pena?

Linha com taxa fixa trava o valor da parcela ao longo do financiamento. Apesar de ter juros mais altos, ela pode ser mais vantajosa do que a tradicional

São Paulo – Caixa disponibiliza a partir desta sexta-feira (21), uma nova linha de financiamento imobiliário, com taxas fixas. A modalidade cobrará juros a partir de 8% ao ano, e não terá nenhum indexador. As condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com quota de financiamento de até 80%.
A linha é mais uma opção oferecida aos clientes, que continuam tendo acesso à linha de financiamento tradicional (indexada à Taxa Referencial – TR) e à linha indexada ao IPCA, lançada pela Caixa em agosto.
Para ajudar o mutuário a escolher a linha mais adequada, Marcelo Prata, diretor da Resale e especialista em crédito imobiliário realizou uma simulação comparando as condições de cada linha.
A simulação levou em conta um financiamento feito por um homem de 40 anos para um imóvel de 500 mil reais. O valor do financiado foi de 400 mil reais, ou seja, 80% do valor do bem, por um prazo de 30 anos.
Os cálculos levaram também em consideração taxas de juros cobradas pelo banco para clientes sem relacionamento prévio com a instituição financeira. Para quem já é cliente Caixa, os juros podem ser menores.
Veja o resultado abaixo:
Financiamento indexado ao IPCAFinanciamento indexado à TR (tradicional)Nova linha com juros fixos
Taxa de Juros Efetiva (ao ano)4,95%8,50%9,75%
CET (ao ano)5,98%9,48%10,72%
Valor da 1ª ParcelaR$ 2.882,41R$ 3.997,31R$ 4.381,91
Valor Total do FinanciamentoR$ 761.077,40R$ 962.316,90R$ 1.031.737,27
IndexadorIPCATRnão tem
Ao comparar as linhas, contudo, é necessário fazer algumas ponderações.
Não é possível comparar a nova linha e indexada à TR com a linha atrelada ao IPCA levando em consideração que não temos como estimar a inflação pelos próximos 30 anos. Então, a linha foi comparada ao financiamento indexado à TR.
A partir dos resultados é possível observar que a linha com juros fixos é mais cara. Na comparação com o financiamento tradicional, o mutuário paga mais 69,4 mil reais na linha de juros fixos do que na linha tradicional. Ou seja, 7,21% a mais. Além disso, pagará uma parcela maior, equivalente a 384 reais a mais por mês, valor 9,62% maior do que o da linha indexada à TR.

Contudo, Prata conclui que o financiamento com juros fixos pode ser uma boa opção, já que o cliente tem a segurança de que a parcela não vai oscilar pelos próximos 30 anos. Além disso, a diferença do valor total do financiamento em relação ao tradicional, indexado à TR, é relativamente baixo, somente 7,21%.
“Ou seja, o financiamento indexado pela TR, que hoje está zerada, somente será a melhor opção se esse indexador não ultrapassar a marca de 7,21% pelos próximos 30 anos. Como não é possível prever o futuro, olhamos para o passado. Para comparar, a TR dos últimos 10 anos foi de 8,35%”.
A simulação considerou que a TR fique zerada nos próximos 30 anos. Mas o passado aponta que ela pode oscilar 8,35%. Portanto, caso essa oscilação aconteça novamente em um período de 10 anos, a diferença entre ambas não será relevante, e o financiamento pela TR pode até ser mais caro.