terça-feira, 25 de fevereiro de 2020


Caixa lança novo financiamento de imóveis prefixado. Vale a pena?

Linha com taxa fixa trava o valor da parcela ao longo do financiamento. Apesar de ter juros mais altos, ela pode ser mais vantajosa do que a tradicional

São Paulo – Caixa disponibiliza a partir desta sexta-feira (21), uma nova linha de financiamento imobiliário, com taxas fixas. A modalidade cobrará juros a partir de 8% ao ano, e não terá nenhum indexador. As condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com quota de financiamento de até 80%.
A linha é mais uma opção oferecida aos clientes, que continuam tendo acesso à linha de financiamento tradicional (indexada à Taxa Referencial – TR) e à linha indexada ao IPCA, lançada pela Caixa em agosto.
Para ajudar o mutuário a escolher a linha mais adequada, Marcelo Prata, diretor da Resale e especialista em crédito imobiliário realizou uma simulação comparando as condições de cada linha.
A simulação levou em conta um financiamento feito por um homem de 40 anos para um imóvel de 500 mil reais. O valor do financiado foi de 400 mil reais, ou seja, 80% do valor do bem, por um prazo de 30 anos.
Os cálculos levaram também em consideração taxas de juros cobradas pelo banco para clientes sem relacionamento prévio com a instituição financeira. Para quem já é cliente Caixa, os juros podem ser menores.
Veja o resultado abaixo:
Financiamento indexado ao IPCAFinanciamento indexado à TR (tradicional)Nova linha com juros fixos
Taxa de Juros Efetiva (ao ano)4,95%8,50%9,75%
CET (ao ano)5,98%9,48%10,72%
Valor da 1ª ParcelaR$ 2.882,41R$ 3.997,31R$ 4.381,91
Valor Total do FinanciamentoR$ 761.077,40R$ 962.316,90R$ 1.031.737,27
IndexadorIPCATRnão tem
Ao comparar as linhas, contudo, é necessário fazer algumas ponderações.
Não é possível comparar a nova linha e indexada à TR com a linha atrelada ao IPCA levando em consideração que não temos como estimar a inflação pelos próximos 30 anos. Então, a linha foi comparada ao financiamento indexado à TR.
A partir dos resultados é possível observar que a linha com juros fixos é mais cara. Na comparação com o financiamento tradicional, o mutuário paga mais 69,4 mil reais na linha de juros fixos do que na linha tradicional. Ou seja, 7,21% a mais. Além disso, pagará uma parcela maior, equivalente a 384 reais a mais por mês, valor 9,62% maior do que o da linha indexada à TR.

Contudo, Prata conclui que o financiamento com juros fixos pode ser uma boa opção, já que o cliente tem a segurança de que a parcela não vai oscilar pelos próximos 30 anos. Além disso, a diferença do valor total do financiamento em relação ao tradicional, indexado à TR, é relativamente baixo, somente 7,21%.
“Ou seja, o financiamento indexado pela TR, que hoje está zerada, somente será a melhor opção se esse indexador não ultrapassar a marca de 7,21% pelos próximos 30 anos. Como não é possível prever o futuro, olhamos para o passado. Para comparar, a TR dos últimos 10 anos foi de 8,35%”.
A simulação considerou que a TR fique zerada nos próximos 30 anos. Mas o passado aponta que ela pode oscilar 8,35%. Portanto, caso essa oscilação aconteça novamente em um período de 10 anos, a diferença entre ambas não será relevante, e o financiamento pela TR pode até ser mais caro.

Por Mariana Desidério
access_time24 fev 2020, 08h00more_horiz

Startup faz venda de imóvel em 2 dias com processo 100% digital


Startup Facilita tem 170 construtoras e 24 mil corretores de imóveis cadastrados; ela acaba de receber aporte da Soluti empresa de certificação digital


Grande leilão acontece nos meses de outubro e novembro de 2019. Todos os imóveis estão localizados no estado de São Paulo

Comprar um imóvel no Brasil é um processo burocrático e demorado. O objetivo da startup Facilita é mudar esse quadro. Fundada em 2017, a empresa desenvolveu um aplicativo para o mercado imobiliário que consegue agilizar o trâmite do processo de compra e venda, com funcionalidades como reserva de unidades, envio de propostas e geração do contrato. “Nossa missão é transformar a venda de imóveis no Brasil”, afirma o CEO Glauco Farnezi.

O foco da Facilita é a venda de imóveis novos, sejam apartamentos ou loteamentos. Ela já tem 24 mil corretores cadastrados, mais de 170 construtoras parceiras e atua em diversos segmentos — de imóveis de alto padrão àqueles vinculados ao programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Agora, a startup acaba de receber investimento de 1,7 milhão de reais da Soluti, empresa de certificação digital. Com isso, a Facilita passa a usar uma das ferramentas da Soluti para a assinatura do contrato. Consegue assim chegar ao final da venda de forma 100% digital. “Há um movimento no setor de trazer a compra do imóvel para o digital. Por isso, essa é uma parceria estratégica para nós”, afirma Farnezi.

Junto com a assinatura digital, a facilita lançou recentemente um simulador de pagamento, que calcula valor das parcelas de acordo com a entrada oferecida pelo comprador. Hoje, na maioria das vezes esse processo é feito de forma manual e enviado pelo corretor à incorporadora, que responde com uma aprovação ou não. O sistema da Facilita busca a aprovação da oferta em tempo real, de acordo com regras pré-estabelecidas pela incorporadora.


Com essas novas funcionalidades, o processo de venda pode levar apenas dois dias. “É um marco muito importante. Tem cliente que demora mais de 40 dias nesse processo e o comprador acaba desistindo no meio do caminho. Comprar um imóvel ainda é um processo muito lento, burocrático e gera uma experiência muito ruim”, afirma o empreendedor.

O Brasil tem cerca de 350 mil corretores de imóveis, que em geral trabalham como autônomos. A ideia da startup é facilitar a vida desse profissional. Um dos objetivos do app é permitir que o corretor acesse todas as informações necessárias para a venda do imóvel no celular. O aplicativo é gratuito para o corretor. A startup se rentabiliza a partir de contratos com as corretoras, que pagam uma taxa de acordo com a quantidade de empreendimentos cadastrados.

O negócio começou a ser desenvolvido em 2013 com o nome de Go Score. Farnezi tinha uma agência que prestava serviço para clientes do mercado imobiliário e percebeu a necessidade de um serviço para reduzir a burocracia do processo de venda de imóveis. Mas, em quatro anos, conseguiu apenas três clientes. Em 2017, o modelo de negócio mudou, o nome da startup também e as coisas começaram a dar certo.

Com sede em Goiânia, a startup está presente em 23 estados e vem dobrando seu faturamento nos últimos anos. Hoje são 40 funcionários. Em 2019, a Facilita faturou 3,5 milhões de reais. Agora a startup se prepara para abrir um escritório em São Paulo, onde o mercado imobiliário tem se aquecido após anos de baixa. A meta para 2020 é ampliar sua capilaridade e continuar crescendo.

domingo, 23 de fevereiro de 2020


Número 4 desaparece até dos edifícios
DA ENVIADA ESPECIAL

Entrar em um elevador e apertar o botão que leva ao quarto andar é prática corriqueira em qualquer lugar do mundo -ocidental, que se deixe bem claro.

Em Hong Kong, raro é encontrar o sinal para o quarto ou para o décimo terceiro andar nos painéis dessas máquinas elevatórias.

Claro que os pavimentos estão lá, logo após o terceiro ou antes do décimo quarto. Mas, mais forte do que a racionalidade numérica, é a superstição dos chineses.

Pela sua pronúncia em cantonês, que se assemelha à da palavra morte, o quatro é temido e, sempre que possível, preterido. Não apenas o numeral, mas as combinações que o evocam, como dois e dois ou um e três.

Seguindo as regras, mesas quadradas são raridades, bem como placas de carro com tais numerais. Mas que os olhos ocidentais não se espantem ao avistarem chapas "4444". Na complicada matemática da sorte, quatro e quatro traz oito, o número mais feliz, que indica prosperidade.

Nessa sociedade capitalista, além de sorte ou azar, os números também transparecem riqueza ou pobreza. Quanto mais satisfatória for a combinação numérica de uma placa, mais alto é o seu preço -diz a lenda que a placa "8888" foi vendida por US$ 1 milhão. O mesmo prossegue no mercado imobiliário. O oitavo andar é mais caro que o quinto.

Assim como cada número tem seu significado (veja no quadro abaixo), as cores seguem as crenças. Chapéus verdes atraem azar; vestidos vermelhos trazem sorte às noivas; o branco é reservado aos funerais.

Prédios inteiros são repintados de acordo com o ano do horóscopo chinês em que se entra, ainda que não haja falhas na pintura.

Espelhos também ajudam a espantar o azar. Quem mora diante de algum elemento negativo (um cemitério ou uma estrada em que ocorrem muitos acidentes) pode impedir que as energias ruins entrem na casa. Basta colocar um espelho convexo em uma janela ou em uma porta, que ele se encarregará de mandar a má sorte para o lugar de onde ela veio. (JD)

Por mais liberdade, jovens escolhem pagar aluguel em vez de comprar imóvel

O sonho da casa própria, um dos chavões usados para versar sobre os anseios do brasileiro, parece não ser mais tão importante para a geração recém-saída da casa dos pais.
Uma parte desse grupo, mesmo tendo dinheiro suficiente para comprar um imóvel, prefere pagar aluguel.
O que justifica esse comportamento é a vontade de, numa sociedade cada vez mais dinâmica, não ter de ficar preso a um endereço por muitos anos, cenário provável em financiamentos residenciais longos.
É o caso do administrador de redes Denílson Carvalho Coutinho, 29, que, desde que saiu da casa da família, no Grajaú (zona sul de São Paulo), há cinco anos, já está em seu terceiro apartamento alugado.
Ele teria dinheiro para comprar um imóvel, porém prefere gastá-lo com viagens e cursos, mas, sobretudo, valoriza a liberdade de poder se mudar sempre que quiser.
"Eu prefiro ter mobilidade. Moro em um lugar e, quando se encerra o contrato de aluguel, posso ir para outro se precisar, se não tiver gostado muito do bairro. Não fico atrelado a um local só", diz.
Patrícia Stavis/Folhapress
Denílson Carvalho Coutinho, 29 em seu apartamento, na zona sul de SP
Denílson Carvalho Coutinho, 29 em seu apartamento, na zona sul de SP
As mudanças de Coutinho se deram por causa de trocas de emprego. Quando trabalhava na região da avenida Paulista (centro da capital), vivia por lá. Hoje, seu emprego é no Morumbi (zona oeste) e, por isso, se mudou para a Granja Julieta, bairro mais próximo, na zona sul.
"Não estou sempre no mesmo trabalho e, alugando, posso sempre escolher viver perto do emprego", afirma. Segundo Coutinho, ele só pensa em comprar um imóvel quando formar uma família.
Para Laura Kroeff, vice-presidente da Box 1824, agência que pesquisa de tendências e consumo, especialmente da população jovem, os millenials (geração nascida entre 1980 e 1994) valorizam mais o fácil acesso aos bens do que a sua posse.
"Há uma preferência pelo uso ocasional das coisas, seja alugando apartamento, carro ou até roupas", diz.
De acordo com ela, isso está atrelado à percepção de liberdade e a uma nova lógica da sociedade, mais interligada, em rede, de forma que tudo pode ser compartilhado com mais facilidade.
É o que diz também André Penha, fundador da imobiliária digital Quinto Andar.
"Para gerações anteriores, que moram no mesmo lugar por 40 anos, fazia todo o sentido ter um imóvel. Hoje em dia há mais necessidade de mobilidade. Você passa a ganhar mais e vai para um lugar mais sofisticado, depois perde o emprego e precisa ir para um mais compacto. Também muda-se muito mais de cidade", afirma ele, que mora de aluguel.
Foi exatamente uma mudança de cidade um dos motivos que levaram a gerente de suprimentos Thais Proença Bessa Dias, 34, a não querer comprar um apartamento quando veio do Rio para São Paulo, há cerca de um ano.
"Eu não queria fazer nenhum investimento desse tamanho sem conhecer bem a região", conta.
Ela preferiu pôr suas economias no mercado financeiro e também cita a maior facilidade de trocar de endereço como principal motivo por optar pelo aluguel.
"Vale a pena [alugar e não comprar] porque a liquidez de um imóvel próprio é muito baixa. Não há flexibilidade se eu precisar me mudar", diz.
Patrícia Stavis/Folhapress
Thais Proença Bessa Dias, 34, na sua casa no Brooklin, em São Paulo
Thais Proença Bessa Dias, 34, na sua casa no Brooklin, em São Paulo
Thais vive num apartamento no Brooklin (zona sul de São Paulo), perto do trabalho, para onde vai a pé. Até por isso, também não tem carro. Por ora, não pretende comprar nenhum dos dois bens.
"Invisto meu dinheiro, faço minhas viagens, mas não tenho propriedades. Isso vale mais para gerações anteriores", afirma.
Preços de imóveis estão estagnados, mas devem voltar a subir
Num cenário de incipiente recuperação econômica, quem tem dinheiro para investir deveria priorizar a compra de um imóvel.
A opinião é de Flávio Prando, vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP.
Para ele, o preço de imóveis em São Paulo, estagnado, passará por uma recuperação nos próximos dois anos. Ou seja, será mais difícil comprar em 2020 do que é hoje.
"Quando as vendas dão uma arrancada, o preço dos aluguéis sobe também, então a pessoa pode ficar sem saída", afirma.
Já Caio Bianchi, vice-presidente do setor de análises do grupo ZAP Viva Real, afirma que, em muitos casos, comprar ou alugar dá na mesma financeiramente.
"A decisão das pessoas acaba sendo por aspectos qualitativos", diz.
Mesmo assim, ele reconhece que a procura por locação cresceu nos últimos três anos.
"Em 2015, havia duas pessoas dispostas a comprar para cada uma que queria alugar. Hoje, inverteu", afirma.

QUAIS CUIDADOS TOMAR AO ALUGAR UM IMÓVEL
Pacote - lembre-se de que, além do custo do aluguel, há condomínio e IPTU. Certifique-se de que você pode arcar com todos os gastos
Negociação - se o condomínio for caro, peça ao proprietário um desconto no aluguel. Caso o imóvel fique vago, o dono terá de arcar com a taxa, e isso pode jogar a seu favor
Local - em grandes cidades como São Paulo, a mobilidade é importante. Pesquise imóveis que fiquem perto do trabalho e/ou com fácil acesso ao transporte
Vizinhança - quando você aluga um imóvel, aluga também a vizinhança. Vá ao local em diferentes horas, pergunte aos moradores o que lhes incomoda, verifique se a região tem uma boa infraestrutura, se é segura etc.
Conservação - inspecione o imóvel para verificar se as instalações estão em ordem ou se há vazamentos ou problemas estruturais
Profissional - procure uma imobiliária. Essas empresas têm a responsabilidade civil de proporcionar locação segura; caso aconteça algum imprevisto, o inquilino tem a quem recorrer
Fontes: Secovi, Quinto Andar e Zap VivaReal
R$ 36,45
foi o preço médio anunciado do metro quadrado de imóveis para alugar na cidade de São Paulo em março
3,64%
foi a alta acumulada no preço dos alugueis entre março de 2017 e de 2018 em SP, segundo o índice FipeZap

Nova empresa do setor imobiliário quer substituir corretor por relação direta com proprietário

COMPARTILHAMENTO ESPECIAL


Uma nova startup do setor imobiliário chegou ao mercado com o discurso de que quer assumir as atividades realizadas pelos corretores.
Criada pelo executivo Luciano Amado, com 18 anos de trabalho nessa área, a Hubbers propõe trocar a comissão paga aos profissionais por uma mensalidade paga a ela pelos clientes que anunciam seus imóveis para venda.
O preço varia de R$ 128 e R$ 198 por mês. Se a venda acontecer em até 90 dias, o cliente paga seis mensalidades.
A startup faz imagens do imóvel cadastrado para que interessados possam conhecê-lo virtualmente em vídeos 3D. Também estimula a interação direta entre proprietário e comprador e a assinatura da proposta de venda online.
A empresa busca dar sugestões de preços para os imóveis usando ferramenta de inteligência artificial que analisa propostas anunciadas na internet. “Queremos dar autonomia ao cliente.”

Amado diz que, de sua experiência como dono de imobiliária, ficou a percepção de que, na maioria das vezes, a relação entre clientes e corretores é ruim. Por isso, as pessoas não veriam valor em pagar 6% do valor das vendas para eles.

A proposta da empresa lembra a do Quinto Andar, startup que já recebeu mais de R$ 250 milhões em investimento.
O empresário diz que, mesmo havendo outra empresa no setor muito bem capitalizada, há espaço para a Hubbers pelo fato de elas trabalharem em segmentos diferentes —O Quinto Andar é especializado em aluguel.
Além disso, o Quinto Andar trabalha com rede de corretores parceiros para trazer imóveis e cobra comissão após o aluguel. O mais próximo que a Hubbers fará disso será parceria com licenciados, pessoas que trazem imóveis pela plataforma e ficam com 30% da mensalidade paga pelos anunciantes.
Com operação lançada neste semestre, a Hubbers tem cerca de 200 imóveis cadastrados.
A startup começou com investimento próprio do sócio. Mais tarde, Amado captou R$ 800 mil de investidores para expandir seu negócio. Ele busca mais recursos para aplicar na divulgação de seu serviço.