sábado, 28 de setembro de 2019


28 DE SETEMBRO DE 2019
COM PEDIDO DE URGÊNCIA

Leite quer mudar 480 pontos do Código Ambiental



O governo do Estado apresentou, na sexta-feira, a proposta de um novo Código de Meio Ambiente para o Rio Grande do Sul, prevendo a alteração de, ao menos, 480 pontos da legislação atualmente em vigor. O projeto muda, retira e inclui itens que tratam sobre licenciamento ambiental, áreas de proteção permanente, unidades de conservação, fiscalização, aplicação de multas e revisão de taxas, entre outros pontos.

No lançamento da proposição, no Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite confirmou que enviará o texto à Assembleia Legislativa em regime de urgência, ou seja, com prazo máximo de 30 dias para discussão e votação. O trâmite também elimina a necessidade de análise nas comissões de mérito, como a de Saúde e a de Meio Ambiente - Leite argumenta que mudanças no código ambiental já foram debatidas em subcomissão parlamentar da Casa em 2016.

O governo avalia que o projeto irá aumentar o "equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento socioeconômico".

Um dos itens polêmicos do projeto diz respeito à implementação do autolicenciamento ambiental. O formato, já utilizado em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará, permite que o empresário, para algumas atividades produtivas, emita a licença ambiental pela internet a partir do envio de documentos e da autodeclaração de informações.

- Em até 48 horas é possível fazer o check list (dos documentos pela internet) e aí a licença estaria expedida - projetou o secretário do Meio Ambiente Artur Lemos.

Se aprovado o código, o governo planeja aplicar o autolicenciamento para cerca de 20 atividades produtivas - como armazenamento de pescados, produção de erva-mate e silvicultura. Caberá ao Conselho Estadual de Meio Ambiente definir os setores incluídos.

O Piratini batizou o novo modelo de Licença Ambiental por Compromisso, e rejeita a classificação de autolicenciamento.

- Não é autolicenciamento, como propagam muitos por aí. A própria imprensa tem, de forma equivocada, bebido de fontes que se equivocam ao abordar esse tema. A Licença Ambiental por Compromisso não é simples autodeclaração. As atividades que serão pertinentes e colocadas para essa ferramenta serão decididas pelo órgão ambiental que tem participação da sociedade civil, que é o Conselho Estadual de Meio Ambiente - declarou Leite.

Neste ano, o Estado fiscalizou 3 mil empreendimentos na área ambiental e autuou 25% deles.

Reação

O Ministério Público Ambiental informou que já pediu ao governo que o texto tramite sem urgência na Assembleia, argumentando que o tema merece ser amplamente debatido pela sociedade. Sob a tutela de Daniel Martini, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, um grupo de trabalho de promotores foi constituído para analisar a proposta de Leite.

GABRIEL JACOBSEN

terça-feira, 17 de setembro de 2019

A Experiência do Cliente: protagonismo e inteligência competitiva


Por Jairo Martins, presidente executivo da FNQ

Diante de cenários cada vez incertos, disruptivos e competitivos, entregar valor, com eficiência, eficácia, qualidade e atendendo às necessidades de todas as partes interessadas passou a ser o grande desafio da gestão organizacional. Em um ambiente de tantas ofertas é imperativo que, no mínimo, as empresas produzam sempre mais com menos recursos: escala com qualidade, a custo baixo e mais rápido.
No centro da sociedade, que engloba todas as partes interessadas, está o CLIENTE, que deixou de ser um mero cliente-consumidor para ser um cliente-protagonista. Isso foi muito bem retratado pela célebre frase de Henry Ford, que disse, há exatos 100 anos: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preta”.
No mercado atual, qualquer vantagem isolada certamente será passageira. As empresas precisam aprender a construir um novo caminho para o sucesso, identificando oportunidades rapidamente, explorando-as com decisão e transformando-se para diferenciar-se, partindo para a próxima antes mesmo de elas se exaurirem. É o fim da vantagem competitiva. O CLIENTE-PROTAGONISTA não está exigindo apenas que o produto e o serviço sejam “adequados ao uso”, não se limitando a escolher pelo preço, mas questionando como, por quem e onde eles são produzidos, que impactos causam no meio ambiente e se a empresa é idônea ou corrupta.
A Experiência do Cliente passa a ser o grande insumo para prover Inteligência Competitiva a uma organização, utilizando-se da tecnologia adequada, capturando e integrando dados, analisando e reportando informações, adquirindo conhecimento, decidindo, agindo, aprendendo com os resultados das ações, inovando, promovendo transformações e gerando valor.
Trata-se de uma nova ordem, regida por regras e padrões transparentes – condição sine qua non para a sobrevivência empresarial. Para tanto, a Gestão Organizacional, como já disseminada pela FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, por meio do MEG 21 (Modelo de Excelência da Gestão – 21ª edição) passa a ser orientada por novos fundamentos da excelência: Liderança Transformadora, Pensamento Sistêmico, Compromisso com as Partes Interessadas, Desenvolvimento Sustentável, Orientação por Processos, Adaptabilidade, Aprendizagem Organizacional e Inovação e, por fim, Geração de Valor.
Os fundamentos da gestão devem fornecer clareza em um mundo em rápida transformação, garantindo que as organizações não se percam na dinâmica agenda mundial, priorizando o CLIENTE, que passa a ditar as regras e a ser o grande impulsionador das transformações que o mundo clama: economicamente sustentável, socialmente justo, ambientalmente responsável e eticamente transparente.
Feliz DIA DO CLIENTE é o que deseja a FNQ.

terça-feira, 3 de setembro de 2019



03 DE SETEMBRO DE 2019
PORTO ALEGRE

Número de espaços comerciais para alugar duplica desde 2014

Somando salas, lojas e casas destinadas aos negócios, quantidade de locais vagos cresceu de 3.354 para 6.589 em cinco anos
Nos últimos cinco anos, quase dobrou o número de casas, lojas e salas comerciais desocupadas na Capital, segundo o Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais no Estado (Secovi-RS). Somados os três tipos de espaços, há 6.589 locais vagos, contra 3.354 de cinco anos atrás (aumento de 96%).

O levantamento aponta que, em julho de 2014, 2.053 salas eram anunciadas pelas imobiliárias da Capital, saldo que subiu para 4.467 em julho de 2019 - crescimento de 117%. No mesmo período, o número de lojas sem locatário ampliou- se em 79% (de 1.010 para 1.808) e o de casas comerciais variou 7,9% (de 291 para 314).

Presidente do Secovi-RS, Moacyr Schukster atribuiu a situação à economia no país.

- Sem emprego, as pessoas não têm dinheiro. E, sem dinheiro, não gastam. Sem confiança em se estabelecer, o empreendedor não tem coragem de ir adiante, de alugar um espaço ou abrir filial - afirma, acrescentando que "há esperança" na retomada e que "negócios imobiliários continuam a se realizar", mesmo em menor número.

O professor de Economia da UFRGS Marcelo Portugal vai na mesma linha: afirma que o Brasil está "andando de lado" desde o aprofundamento da crise em 2014 e os negócios ainda sentem os reflexos.

Coworking

Em Porto Alegre, de 2014 a 2017, 28.986 empresas deixaram de operar, contra 20.622 que se instalaram ou abriram filiais na Capital. Os números referentes aos alvarás voltaram a crescer em 2018, quando 15 mil empresas tiveram licença expedida, contra 8.746 baixas. Essa mudança de perspectiva deixa esperançoso o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Eduardo Cidade. Ele pondera que o número de imóveis vagos está relacionado ao enxugamento das estruturas das grandes corporações.

- Os bancos privados antes tinham várias regionais e agora tudo está em local único, reduzindo o número de imóveis utilizados - ressalta o secretário.

Na última semana, a Ford anunciou o fechamento de um escritório na Avenida Carlos Gomes. O atendimento às concessionárias passará a ser concentrado em São Paulo. Também entre 2014 e 2017, 300 CNPJs foram desligados, ante 158 emitidos, na Avenida Carlos Gomes.

- Grandes empresas estão nos deixando. A tecnologia também eliminou empregos - reforça o presidente do Secovi-RS.

Para além dos números da economia, há mudança de comportamento por trás do aumento de imóveis comerciais desocupados. O trabalho exercido em casa - home office - e os escritórios compartilhados - coworking - impactam nos dados. É o que o presidente Schukster chama de "reflexo de novos tempos". No bairro Moinhos de Vento há quatro anos, a Upworks oferece cinco salas privativas, de seis metros quadrados a nove metros quadrados, com capacidade de reunir até três pessoas. De acordo com o proprietário, João Carlos Saba, 80% do espaço está ocupado:

- A procura de quem vem aqui é para reduzir custos, encontrando estrutura pronta. Há desde jovens a aposentados ou empresários que desistiram de ter sala própria, abrindo mão de ter de fazer reformas ou investimento em mobiliário.

Com R$ 1,4 mil mensais, quem procura a empresa tem internet, água, luz e telefone, além de limpeza e manutenção inclusos. Outro local com espaços colaborativos é a Vox Coworking, no bairro Rio Branco.

- As pessoas comentam que aqui chega a ser até um terço do valor, pois não têm de arcar com IPTU, recepcionista e mobília. Chegam e trabalham - afirma o empreendedor Nei Nadvorny, 58 anos.

TIAGO BOFF